sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Criatividade na Liturgia!

Muito se fala em criatividade na Liturgia. Todos são unânimes em afirmar que nossas celebrações, sobretudo a eucaristia, devem ser mais criativas. De fato, isto é verdade. Em muitas situações, as celebrações realmente carecem de um maior “tempero”. E inegável que a Liturgia, quando cai na rotina, perde o seu dinamismo e força comunicativa. Mas é preciso refletir seriamente: quando falamos de criatividade dentro da Liturgia, a que nos referimos? Onde queremos chegar? O que entendemos por criatividade? Como exercê-la de forma sadia e equilibrada?
Falar de criatividade na Liturgia é falar daquela capacidade de tornar nossas celebrações mais acolhedoras, fraternas, orantes e, principalmente, pascais. E fazer que todos dela participem ativa e plenamente. Trata-se de dar à Liturgia o lugar de destaque que ela, por sua própria natureza, deve ocupar na ação evangelizadora da Igreja.
O exercício da sadia criatividade é importante e necessário na medida em que leva toda a comunidade a penetrar na profundidade do Mistério celebrado. Antes, é preciso tocar no coração.
Criatividade aqui não pode ser confundida com mera “invenção”. Não se trata de simples “acréscimos”, às vezes sem sentido, sem nexo. Ao contrário, a criatividade verdadeira supõe clareza de conhecimento e de objetivo. Seremos de fato criativos, se soubermos aproveitar bem a riqueza que a própria liturgia nos oferece.
Uma boa dica no exercício da criatividade litúrgica é conjugar bem os elementos visíveis com aquela realidade mais profunda que eles comunicam. Noutras palavras, é trabalhar bem os símbolos e sinais. 
O exercício da criatividade supõe, evidentemente, conhecimento da Liturgia, de seu conteúdo e natureza, de seus princípios e organização. Daí a necessidade de uma sólida e contínua formação dos(as) animadores(as). Quanto mais se aprofunda, mais se abrem os horizontes de uma verdadeira criatividade.
Um olhar mais atento em nossa realidade mostra que em muitas situações se confunde criatividade com improvisação, espontaneidade com falta de preparação. Em não raros casos, em nome de uma suposta “criatividade”, aparecem os desvios, jogando por terra a natureza própria de cada momento da Liturgia e da mesma no seu conjunto. Por isso é bom começarmos e rever certas práticas. Quem quiser ser criativo não pode agir como “franco atirador”. O bom senso deve evitar que se caia em extremos.
O Concílio Vaticano II, por meio da reforma Litúrgica, abriu as portas para que o momento celebrativo de nossas comunidades possa ser, de fato, fonte de crescimento na fé e no compromisso com a vida. Isso contribuiu de forma efetiva para o exercício daquela tão sonhada criatividade.
É mister que nos perguntemos: é a liturgia que não comunica ou somos nós que não sabemos nos comunicar? É a liturgia que é ‘fria” ou somos nós que nos acomodamos? São os símbolos que não falam ou somos nós que não conseguimos penetrar na profundidade do Mistério celebrado?
A Liturgia, “fonte e cume da ação pastoral”, celebrada por uma comunidade de fé, será tanto mais criativa, quanto for capaz de levar seus participantes àquela comunhão profunda entre o divino e o humano, fazendo dela uma perene atitude de oração.
Que os(as) animadores(as) encontrem nas fontes da Liturgia e no exercício entusiasta de seu ministério, o ardor necessários e, imbuídos do verdadeiro espírito celebrativo, possam ajudar nossas comunidades a renovar em cada celebração o Mistério Pascal que acontece no hoje da história.
Deus Abençoe a Todos
Pe. Ivanildo

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