sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Família a Esperança cristã para o mundo de hoje!

A família, como “Igreja doméstica”, participa na missão da Igreja e, portanto, está “ao serviço da edificação do Reino de Deus na história”. 
O “dom” especial que a família, fiel à sua vocação essencial, oferece à Igreja e ao mundo, é o anúncio quotidiano do Evangelho do amor e da vida. 
Como comunidade de fé que encontra a sua raiz no batismo e no sacramento do matrimonio, a família é chamada à santidade. Essa vocação à santidade concretiza-se por meio da “caridade conjugal”, que é sinal e testemunho do amor de Cristo pela sua Igreja. Ser, através do amor dos esposos, “imagem viva e real daquela unidade singularíssima que torna a Igreja o indivisível Corpo Místico do Senhor” (39), é a primeira grande missão da família. 
Para poder ser fiel a esta missão, a família cristã deverá, cada dia, sustentar-se com os meios da graça que a Igreja põe à sua disposição. 
Através da escuta e do acolhimento da Palavra de Deus, a família descobre permanentemente a beleza e a dignidade a que Cristo elevou o matrimonio e a vida familiar, constituindo-os sacramento da aliança entre Deus e a humanidade, sinal visível do amor de Cristo pela Igreja; através da Eucaristia, a família cristã celebra a comunhão com Cristo, identifica-se com ele, compromete-se a segui-lo numa entrega de amor sem limites; através do sacramento da Reconciliação, a família cristã celebra o perdão de Deus e o perdão mútuo, reconstrói e aperfeiçoa a aliança conjugal e a comunhão familiar; através da oração, a família eleva a Deus a sua vida, as suas alegrias e tristezas, esperanças e fragilidades, experimentando a presença de Cristo que prometeu estar com os que se reúnem em seu nome. 
Os esposos cristãos são chamados a tornar o amor de Deus presente, antes de mais, na própria realidade quotidiana da vida familiar. A família é o espaço privilegiado de encontro com o amor, o primeiro lugar onde os filhos aprendem e interiorizam os valores perenes. É na família que eles, confrontados com o amor fiel e comprometido dos pais, descobrem o significado do dom generoso da própria vida, da partilha, do serviço, do diálogo, do perdão, da tolerância, da compreensão; é no ambiente familiar que eles, educados pela sensibilidade dos pais, aprendem a escutar e a interiorizar a Palavra de Deus e a responder com generosidade aos desafios de Deus; é na “Igreja doméstica” que eles, educados pela piedade dos pais, aprendem a importância da oração e da confiança incondicional no amor previdente de Deus; é no enquadramento familiar que eles, despertados pela fé e pelo compromisso eclesial dos pais, tomam consciência da sua fé, do seu batismo, da sua pertença à Igreja e da sua missão no mundo. 
Faz igualmente parte da missão dos pais a educação dos filhos para o amor, que engloba a afetividade e a sexualidade. A educação da afetividade e da sexualidade deve ser feita, em primeiro lugar, na família de forma positiva e iluminada pelo Evangelho. 
Os modos familiares de viver “podem alimentar as disposições afetivas, que durante toda a vida permanecem como autêntico preâmbulo e esteio de uma fé viva”. 
A família, enquanto comunidade de fé e de vida, oferece as condições favoráveis para o desabrochar das vocações. A vida da fé, o seguimento de Jesus Cristo, a oração, a escuta atenta de Deus e dos seus projetos, a partilha do amor, a harmonia da vida familiar, a educação para o serviço e para o dom da vida, a abertura aos outros, constituem o ambiente adequado para a escuta do chamamento de Deus e para uma resposta generosa aos seus apelos e desafios. 
A família deve ser o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida de doação a Deus e aos irmãos. Os pais, no cumprimento da sua missão, devem educar os filhos para seguir o Senhor em qualquer dos possíveis caminhos vocacionais, nomeadamente no da vocação consagrada. Não devem sentir receio de que os seus filhos abram o coração à radical idade do chamamento de Deus; devem, pelo contrário, sentir-se felizes pelas escolhas corajosas e generosas dos seus filhos.
A família deverá ser também, um sinal vivo e concreto do amor e da salvação de Deus no seio da comunidade paroquial. Com o seu testemunho de uma vida coerente com o Evangelho, com o testemunho do amor conjugal e familiar, com a transmissão responsável da vida e com a educação dos filhos, a família desafia e ajuda a comunidade eclesial a crescer, a ser sinal eficaz do amor de Deus, a viver de forma mais fiel e coerente a sua missão no meio dos homens.
Faz também parte da missão da família colaborar com a paróquia no acolhimento das pessoas e das outras famílias que procuram, no encontro com a comunidade paroquial, fazer a experiência do amor e da salvação de Deus. Hoje, com frequência, o espaço geográfico da paróquia é uma área muito populosa, habitado por famílias desenraizadas e sem referências, muitas vezes marcadas por realidades de crise, de ruptura, de solidão, de carência, de doença e de sofrimento. A comunidade paroquial é, frequentemente, interpelada por estas realidades e tem de saber ser um espaço de acolhimento, onde todos possam encontrar ajuda e solidariedade. 
Ora, pelas suas características próprias, a família cristã está vocacionada para desenvolver este apostolado no meio das famílias, seja de modo espontâneo (laços de sangue, vizinhança), seja de modo organizado (através das estruturas paroquiais de apoio). Em qualquer caso, a família cristã é chamada a colaborar com a comunidade paroquial no sentido de anunciar, através de gestos concretos, o amor, a bondade, a ternura, a misericórdia de Deus. 
É tarefa das famílias cristãs iluminar os dramas humanos que marcam a vida de tantas famílias com a luz da Palavra de Deus; é tarefa das famílias cristãs ajudar as famílias em dificuldade, acolher os abandonados e marginalizados, partilhar com os necessitados, devolver a esperança aos que vivem no desespero, construir a civilização do amor e da vida.
Dentro da comunidade paroquial, a família deverá, ainda, ter um importante papel no âmbito dos movimentos de apostolado familiar, no desenvolvimento de uma verdadeira espiritualidade familiar, no acolhimento e formação dos noivos, no acompanhamento dos casais jovens, nas equipas de casais, nos encontros de preparação para o matrimonio e para o batismo, nas equipas de apoio social às famílias necessitadas. É um apostolado qualificado, que a família, pelas suas características específicas, está vocacionada para levar a cabo.
Há outros movimentos laicais de âmbito supra paroquial que colaboram afetivamente na tarefa evangelizadora da Igreja. Alguns desses movimentos reúnem casais e até famílias: são os movimentos de espiritualidade e apostolado conjugal e familiar, que procuram ajudar as famílias a descobrir a sua vocação e missão, a serem testemunhas e arautos do projeto de Deus para a família.
O envolvimento das famílias cristãs nestes movimentos, com o seu testemunho de vida, com os seus valores e com o seu testemunho, possibilitará um dinamismo missionário e apostólico que em muito contribuirá para o êxito de uma nova evangelização.
Aos crentes e a todos os homens de boa vontade, aos responsáveis pelas estruturas do Estado, aos legisladores e a todos aqueles que estão empenhados na construção de um mundo mais fraterno e solidário, a Igreja pede que amem a família e que promovam políticas de proteção da comunidade familiar. 
Amar a família “significa saber estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar ambiente favorável ao seu desenvolvimento. Finalmente, forma eminente de amor, é dar à família cristã atual, muitas vezes tentada por desânimos e angustiada por crescentes dificuldades, razões de confiança em si mesma, nas próprias riquezas que lhe vêm da natureza e da graça, e na missão que Deus lhe confiou”.

Deus Abençoe a todos
Pe. Ivanildo

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